Entrevista para o Multiverso Bate-Boca

Olá, tudo bem?

Dei uma entrevista para o fórum Multiverso Bate-Boca e o resultado ficou demais. Agradeço a iniciativa e contato do Gustavo Soares pela perguntas feitas e fundamentadas pelos leitores do site.

Batemos um longo papo e falei sobre formação, com é ser quadrinista, se dá para viver assim, influências, dinheiro, música, processo criativo, explicações sobre detalhes das minhas HQ, conversamos sobre outros quadrinistas, dificuldades, motivações, enfim, uma longa e sincera entrevista.

Adicionei todo conteúdo logo abaixo mas deixo o link para lê-la direto no MBB, com direito a imagens e comentários antes de depois da pauta.

Muito obrigado.

Luciano Salles.

- Poderia começar se apresentando? (quem é, onde nasceu e cresceu, família, formação acadêmica, como começou a ler quadrinhos e desenhar, etc.)
Meu nome é Luciano Salles, nasci no dia 14/02/1975, em Taquaritinga, uma pequena cidade no interior do estado de SP. Ainda criança minha família mudou-se para Araraquara, uma cidade vizinha cinco ou seis vezes maior. Araraquara me acolheu muito bem e chegando na cidade encontrei tudo o que mais precisava na época: fanzine, skate, música e o movimento punk.

Minha família teve que se mudar para São Carlos e eu continue morando em Araraquara, isso com 16 anos. Então já com essa idade aprendi a me virar sozinho. Me formei em Engenharia Civil, pós graduei em Engenharia de Segurança do Trabalho e atuei na área até ir trabalhar em uma instituição bancária.

Ainda em Taquaritinga já lia turma da Mônica pois gostava de desenhar e meus pais compravam uma revista no mês pra mim. Lembro que eu lia tudo e ficava tentando desenhar os personagens das histórias do Penadinho.

- Aos 37 anos você deixou de ser bancário para se dedicar exclusivamente aos quadrinhos. Como foi essa decisão? Qual a reação das pessoas mais próximas?
Eu adoeci na empresa que trabalhava e acho que adoeceria em qualquer trabalho que fizesse naquela época. Adorava trabalhar no banco porém, dos 35 aos 37 anos comecei a perceber que algo não ia bem com minha saúde. Fiquei durante um ano me consultando com médicos, das mais diversas especialidades, para tentar descobrir o que estava acontecendo comigo até que tive minha primeira crise de uma doença chamada síndrome de pânico.

É algo que não desejo para ninguém pois não existe nada mais horrível e sofrível neste mundo. É comum as pessoas confundirem ansiedade aguda, pressão no trabalho, tristeza, achar que vai morrer entre outros vários sintomas com a doença mas quem irá diagnosticar será um bom médico psiquiatra. Esse realmente foi o motivo que tive que deixar o Banco. Eu não tinha mais capacidade neurológica e psicológica de trabalhar ali.

Até tentei voltar mas o cargo que tinha não permitia erros e comecei a cometer falhas primárias até que a direção do Banco decidiu atender e, entender, meus pedidos de desligamento (foram vários) por perceber que eu não tinha mais condição. A diretoria do Banco foi extremamente atenciosa, gentil e tão humana que me demitiram, recebendo  assim, todos os meus direitos. Sou muito grato por isso.

Minha esposa foi a primeira pessoa a me dizer para pedir demissão. Ela havia percebido que algo não ia bem comigo então, tive total apoio da família.

Faço aqui um adendo: trato da minha síndrome do pânico desde 2012 com medicamentos, yoga, andando muito de bicicleta e visitando bimestralmente meu psiquiatra. Ainda tenho meus altos e baixos e o acompanhamento é fundamental. O que quero dizer é que não use o Google como um guia médico achando que tem tal doença. Se sentir que algo não está certo, vá a um médico de referência no assunto.

- Financeiramente falando, consegue hoje viver somente de sua arte?
Consigo. Claro que não ganho tão bem como ganhava com meu trabalho anterior. Tem meses que são excelentes e outros que posso não receber nada. Então, um boa gestão financeira é fundamental. Aliás, percebo que muitas pessoas são praticamente ignorantes neste aspecto.


- Quais desenhistas influenciaram seus trabalhos? E roteiristas?
Desenhistas posso citar três: Moebius (sempre em primeiro lugar), Lourenço Mutarelli e hoje percebo o quanto (e cada vez mais) Frank Miller também me influenciou. Agora roteiristas, já é algo que acredito que minhas influências vem do cinema. Aliás, minha maior influência para fazer quadrinhos vem do cinema. Sou fascinado por alguns diretores como David Lynch, Stanley Kubrick, Gaspar Noe, David Cronenberg, Pedro Almodóvar, Gus Van Sant, Lars von Trier. Penso que esses são minhas influências como e, para roteiristas.

- Você já fez ilustrações de Laranja Mecânica (cinema), The end of the f***ing world (seriado) e já fez capa de álbum musical (Os Capial). Quais suas referências nessas três artes (cinema, seriado e música)? Há alguma influência delas em suas obras?
Acabei respondendo um pouco desta pergunta na questão anterior. Existe uma total influência do cinema e música nas minhas obras. Sou fascinado por essas duas artes. Minha mãe é pianista (não exerce como profissão) e sempre tivemos piano na minha casa, sempre ouvia minha mãe tocando os mais diversos temas e compositores. Meu irmão mais novo não é pianista mas estudou um pouco e tem um ouvido incrivelmente apurado. Meu irmão mais velho também tocava violão. 

- Seu processo criativo é sempre o mesmo ou varia de acordo com a obra? Poderia descrevê-lo? (roteiriza e depois desenha; rascunha enquanto roteiriza?) Sempre trabalha com papel ou também desenha digitalmente?Geralmente é sempre o mesmo. Por vezes a ideia de uma história pode surgir de uma simples observação. Por exemplo, a história de L’Amour: 12 oz, surgiu do fato de em uma manhã, eu observar a caneca de café que eu estava tomando: o tempo passa, o café vai esfriando e eu vou gostando mais ou menos dele. Em EUDAIMONIA, a história veio toda em minha cabeça por observar e pesquisar qual felino seria o mais efetivo em suas caçadas.

Pode parecer estranho mas é assim que as ideias para as histórias surgem pra mim. Alguma coisa me chama a atenção, observo, crio a relação com algo que pode vir a ser um bom tema, uma boa história e vou montando toda ela somente na minha cabeça sem anotar absolutamente nada. Não posso ter um caderninho de notas. Isso geralmente me atrapalha.

Com toda a história pronta na cabeça, vou direto para o computador escrever o roteiro, que faço como um roteiro de cinema, bem detalhado, descritivo pois assim ganho tempo na hora de desenhar as páginas.

Tendo o roteiro finalizado, envio para uma primeira revisão. Voltando corrigido, já começo a desenhar as páginas, que sempre são em um bom papel e com pincel e nanquim. Digitalmente eu só faço as cores, se necessário.

- Todos seus trabalhos até então são de autoria somente sua (roteiro e arte). Já recebeu proposta de desenhar roteiro de terceiros? Tem vontade de trabalhar com algum outro roteirista ou desenhista? Se sim, quem?
Já recebi várias propostas de desenhar para outros roteiristas mas é algo difícil para mim e sinto que seria angustiante. Desenhei uma história do Raphael Fernandes e simplesmente parece que não fui eu que desenhei.

Penso que seria mais fácil (pra mim) desenhar algo que o público já conheça. Por exemplo, desenhar uma história do Justiceiro. Pronto, é algo que faria. E se fosse, por exemplo, com um roteiro do Frank Miller, do Mark Millar, do Gaspar Noe. Esse é um detalhe que tenho: sempre gosto de pensar alto, vai que acontece, rs.

- Você produz, edita, divulga e vende diretamente. É uma escolha esse domínio de todo o processo ou gostaria de poder se dedicar exclusivamente à criação?
Gosto de todo esse processo (neste aspecto sou extremamente punk), gosto de receber uma resposta do leitor pois todo o caminho de se produzir uma HQ se encerra com o leitor(a). Ele(a) é a peça chave de todo ciclo.

Financeiramente, manter esse processo é mais lucrativo. Claro que gostaria muito de algum auxílio para ir aos Correios ou fazer pacotes, por exemplo, mas enquanto posso e consigo tempo para fazer isso, faço com prazer.

Seria muito bom e, diferente, somente me dedicar a criação mas ainda não chegou esse momento.

- Dos seus cinco trabalhos: três foram publicados de forma independente (Luzcia, a dona do boteco; O quarto vivente; Limiar: dark matter); um por editora (L'Amour: 12 oz pela Mino); e um  financiado através do Catarse (Eudaimonia). Quais as diferenças e qual a sua preferência?
Definitivamente o financiamento coletivo é onde melhor me encaixo. Apesar de ter publicado com a MINO, nunca tiver um editor direto. L’Amour: 12 oz estava pronta quando a MINO entrou em contato comigo e publicou então, basicamente, fiz e faço tudo sozinho entretanto, sempre confio a alguém muito competente a revisão dos meus trabalhos. Até o momento as pessoas que fizeram as revisões foram o Daniel Lopes e o Audaci Junior.

- É raro vermos quadrinistas independentes reimprimindo suas obras esgotadas. No seu caso, Luzcia, a dona do boteco esgotou faz tempo. Por que não reimprimir?
Por ter sido uma “HQzine” tão simples, feita de forma inocente, despretenciosa, toda dobrada a mão, grampeada e com uma tiragem de 100 cópias, reimprimi-la deve ser algo muito especial e quando chegar o momento, saberei como fazer.

- Atualmente o Catarse e outros sites de financiamento coletivo estão passando por um momento complexo: de um lado há crise de credibilidade em relação a projetos independentes, pois muitos projetos (inclusive de HQ) recolheram o dinheiro e não entregaram as recompensas; de outro lado cada vez mais editoras buscam ali financiar suas publicações, como a Figura e a Editora 85. Como foi sua experiência de financiamento coletivo? Pretende repetir?
Minha experiência foi fantástica e minha próxima publicação será pela mesma plataforma. Existem esses casos que citou, que deveria prejudicar a imagem de quem fez e faz as besteiras e não a plataforma, pois o método do financiamento coletivo é algo fantástico. É uma das grandes benesses que a internet pode proporcionar.

Estudando a plataforma, entendendo bem como funciona aqui no Brasil, sabendo dos riscos e padrões, fazer uma campanha bem sucedida não é somente bater a meta do valor requerido. É fazer todos as apoiadores receberem suas recompensas antes de qualquer distribuição ou venda da revista. O apoiador terá sempre a preferência.

- Em seu blog (dimensaolimbo.com.br) você já compartilhou algumas trocas de informações entre você e outros quadrinistas, como Rafael Grampá, Fabio Bá e Marcelo Maiolo - este com direito até a print da conversa. Você também ministra cursos e oficinas de quadrinhos. Entretanto você é autodidata. Busca oferecer algo que acredita ter lhe faltado? Faltam professores e informações sobre quadrinhos?
Essa realmente é uma pergunta complexa. Como autodidata, aprendo todos os dia alguma coisa nova no tocante a fazer quadrinhos. E também, como autodidata, aprendo muito quando aceito todas as criticas que meu trabalho possa receber de pessoas como o Grampá, o Bá e o Maiolo.

Foram pessoas que conheci, admiro muito e que sinceramente criticam meu trabalho de um forma que só faz crescer. Todas essas criticas são lições que aprendo para nunca mais esquecer. Me sinto um privilegiado de o Bá, chegar em mim no FIQ 2018, e falar o que achou da minha nova HQ. Isso pelo fato de eu ter pedido um sincero feedback. Aqueles 15 minutos que conversamos foram uma das melhores aulas que já tive sobre fazer quadrinhos.

Nos curso que coordeno, procuro passar tudo o que aprendi e tenho aprendido, como faço, o motivo de fazer daquele jeito, meios de como procurar uma ideia não tão comum, enfim, meus cursos são muito mais subjetivos e introspectivos do que me propor a ensinar como fazer um desenho realista, técnicas de aguada, aquarela, cores e o que for, até porque, não sei nada disso.

- [PERGUNTA COM SPOILER DE QUARTO VIVENTE E LIMIAR: DARK MATTER] Suas obras são marcadas por flertarem com o abstrato em algum momento. Há algo de nonsense ou tudo tem algum sentido específico? Alguns autores preferem não comentar pontos específicos de suas obras, deixando as interpretações para o público. Como pensa sobre isso? O que diria para alguém que lhe perguntasse "o que significa aquela beluga" ou “Nadio e Carino morreram”?
Não tem nada de nonsense nas minhas histórias e tudo que está ali tem um sentido específico e função. O que acontece é que insiro alguns níveis de camadas na história e faço isso propositalmente, pois cada pessoa é única assim como sua leitura. O processo de ler é igual para todos(as) mas a absorção no interior da mente daquela pessoa, junto de toda bagagem de vida que ela carrega, é que moldam o que escrevi. Bem, sei que isso é arriscado mas trabalho assim. Existem os(as) que gostam e os(as) que não gostam assim como tem que gosta de repolho e outros(as) não.

Não tenho problema em comentar pontos específicos dos meus trabalhos. Se vier uma pergunta direta, como essa que fez, respondo que a beluga foi o ponto máximo que pude conceber e que traria uma ruptura brusca no processo de evolução da humanidade.

Se Nádio e Carino morreram? Sim, claro que morreram! Até deixo isso bem claro no texto da última página da HQ. Nádio está nocauteado no chão enquanto Carino sofre as consequências de uma overdose de Dark Matter. Ali uso o recurso de quadros narrativos onde Nádio relata ao leitor: “Tudo isso me foi informado e este sou eu memorizado” lembrando que o termo “memorizado” criei para ser um sinônimo para “estar morto”, algo que deixo claro durante toda HQ.

E então ele continua e comenta que Carino é “…nossa fagulha memorizada, a explosão não contida, a ordem para um novo limiar”. Aqui também, se ler atentamente, junto do caminhar da HQ, perceberá que Carino não suportou a overdose de Dark Matter e como uma fagulha basta para uma explosão, o corpo dele explode como uma bomba atômica, dizimando tudo e todos ao seu redor, ou seja, “…a ordem se dissipando para um novo limiar” ou simplificando, um modelo fracassado se desfazendo para o início de uma nova proposta.

Existem HQ que tem um leitura direta, simples (o que não vejo problema algum e gosto também), como se faz uma simples redação com uma introdução, o desenvolvimento da ideia e a conclusão, mas formulas foram criadas para dimensionar uma ponte, um viga que suporta um vão livre de 30 metros. Gosto de usar formulas para isso e não para escrever uma história

- Você, assim como 90% dos quadrinistas autorais brasileiros, produz obras curtas. As poucas exceções como Marcelo D'Salete (Cumbe e Angola Janga), Rafael Coutinho (Mensur) e Marcelo Quintanilha (Tungstênio e Talco de vidro) são sucesso de público e crítica. Por que essas obras longas aqui ainda são tão raras? Pretende fazer algo assim?
Eu produzo obras curtas pelo fato de gostar muito de ler obras curtas, de fazer obras curtas e por ser um quadrinista independente que precisa bancar a impressão, depois carregar o peso dos gibis nas costas, distribuir, pagar os envios pelos correios, organizar e fazer lançamentos e finalmente, apresentar um preço coerente com o mercado editorial sem essas distorções que tem acontecido ultimamente com o efeito Amazon.

Todos os autores e exemplos que citou foram publicados por excelentes editoras e não sei a forma que receberam para fazer as obras, por isso, não posso argumentar sobre algo que não tenho conhecimento.
- Falando sobre obras mais longas, aproximadamente um ano atrás você postou no blog que por diversos motivos pessoais (lá detalhados) estava engavetando um projeto mais longo, chamado Ela (136 páginas, enquanto suas maiores tiveram 50). Alguma novidade sobre essa HQ?
Por enquanto não mas quando houver, logo saberão.

_ Quais as grandes dificuldades no mercado de quadrinhos nacional? E o que o motiva a seguir nesse caminho?
Eu vivo pelos quadrinhos pois sempre adorei desenhar e criar histórias. Sejam quais forem as dificuldades, não sou um colecionador delas. Tento me ajustar para estar em eventos de quadrinhos, me adequar em como divulgar melhor meus trabalhos e procuro sempre fazer tudo com excelência para que o leitor(a) tenha uma experiência  única, boa e intimista com a HQ e, que valha o valor que ele pagou pelo produto.

Outra coisa que me motiva é que posso viver também pelas ilustrações. Isso, cada vez mais, tem me empolgado! Pensando melhor, existe uma dificuldade que posso apontar. Há algo de natural aos brasileiros, que é a formação de grupos que se preservam e só validam o que acontece entre eles. Acredito que essa seja uma dificuldade que sempre haverá entre qualquer circuito criativo.

- Antes os quadrinistas nacionais tinham dois objetivos: entrar no mercado de super-heróis ou trabalhar para o Mauricio de Souza. Já hoje em dia os quadrinhos autorais parecem ser uma terceira boa opção. Acredita que essa mudança perdurará? O que acha dessa cada vez maior quantidade de editoras e lançamentos?
Penso que esses dois objetivos que citou no início da sua pergunta ainda perduram. Vejo inúmeras publicações genéricas as Graphics MSP e outras tantas similares ao mercado de super-heróis. Acho que ainda exista um novo e terceiro objetivo que é fazer quadrinhos para ser vendido para o cinema, Netflix.

O quadrinhos autorais são a quarta opção e ainda bem que estão cada vez mais valorizados dentro do mercado em geral. Eu tenho certeza de que isso continuará por um bom tempo e que temos uma produção consistente para manter o mercado fortalecido em títulos e diversidade.

Quando mais editoras e lançamentos tivermos é melhor para todos e todas. Muitas editora surgirão e sumirão assim como autores(as). É assim mesmo, um ciclo onde, por um momento, haverá uma ebulição e de repente, um arrefecimento, entretanto, hoje, a oscilação entre as ondas estão brandas e tendem a ser cada vez mais serenas.
- Você é presença constante em eventos de quadrinhos. Ainda o faz pelo prazer de estar no evento ou encara como um compromisso de trabalho?
Adoro estar em eventos de quadrinhos pois faço dele um compromisso de trabalho onde encontro colegas, amigos, vinculados a ganhar novos leitores que não conhecem o que faço.

A logística para se ir ao evento é financeiramente dispendiosa e por isso priorizo o FIQ, a CCXP e priorizava a Bienal de Quadrinhos de Curitiba.

- Apesar de somente ter trabalhos autorais você já tem um belo acervo de ilustrações de super-heróis. Tem vontade de trabalhar no mainstream? Se pudesse escolher personagens da Marvel e da DC para trabalhar, quais seriam?
Tenho pensado nisso ultimamente. Acho que gostaria de trabalhar neste mercado mas de uma forma muito particular. Sei que não sou um desenhista para fazer uma série mensal de algum título mas adoraria fazer histórias curtas, capas variantes e outras coisas. Se pudesse escolher um personagem seria o Aranha e o Bizarro.

- Pelos seus relatos, você é próximo do Rafael Grampá e suas artes possuem semelhanças. O que acha do rumo que o amigo tomou profissionalmente? Tem vontade de atuar no mercado publicitário, mesmo que isso signifique se afastar dos quadrinhos?
Acho que jamais conseguiria trabalhar no mercado publicitário. Acho que é um tipo de trabalho que não combina com meu jeito de ser. Quanto ao Grampá escolher o que quiser fazer é critério dele. Cada um é livre para fazer o que quiser, como quiser e se tem uma coisa que ele faz bem é isso! O cara é um gênio, excelente profissional e se engana quem acha que ele se afastou das HQ.

Ele acha estranho quando dizem que dizem que nossas artes possuem semelhanças. Na animação Dark Noir, que dirigiu com o apoio do pessoal da Red Knuckle, ele me chamou para desenhar as tatuagens do personagem principal e fazer boa parte do storyboard. Acredito que nossos trabalhos conversam entre si e funcionam muito bem quando juntos.

- Tem algum novo trabalho em andamento? Pode nos dizer algo sobre ele?
Sim, tenho. O que posso dizer por enquanto é que a história esta pronta em minha cabeça e desta vez, só vou mostrar algo ou falar sobre ele quando tudo estiver pronto.

- Você já disse que tudo na sua carreira é pensado e planejado. Quais os seus planos para o futuro mais distante?
Tenho realmente tudo pensado e planejado mas só tenho o controle sobre o agora. Então, se eu quiser que as coisas aconteçam, tenho que zelar e viver somente pelo instante em que estou respirando. O futuro será feito das ações que tomar hoje. Ou seja, eu sei onde quero chegar mas só tenho o agora para trabalhar.

- O que não falta no MBB é leitor querendo indicações, do mainstream a obras mais obscuras. Quais suas HQs preferidas?
Gosto muito de quadrinho japonês e europeu. Leia qualquer coisa do Suehiro Maruo e também recomendo Pluto. Agora mainstream… bom, acho que Pluto é mainstream.

- Ainda tem tempo para ser leitor? Se sim, o que tem lido ultimamente?
Tenho lido pouco quadrinhos. Estou relendo Lobo Solitário, Pluto e AKIRA.

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