Resenha lindona de L'Amour: 12 oz no Portal GHQ

[Quadrinhando] Briga de peso-pesado

Capa Final_MAIOLO
O amor chega como um nocaute inesperado, tornando vitorioso aquele que vai à lona e por lá permanece após dez segundos. Por mais que amor e tempo sejam cúmplices, o primeiro nunca está satisfeito com o segundo, e o segundo tem mil e uma artimanhas para driblar o primeiro.

No álbum L´amour: 12 oz (64 páginas, colorido, R$ 37), título inaugural da Editora Mino, Luciano Salles brinca com esses conceitos ao materializar o tempo como um hábil corredor que abruptamente se apaixona por uma mulher (mas cujas asas desenhadas nas costas de seu moletom e seu trabalho de observar as pessoas de longe levem a crer se tratar de um anjo). No mesmo instante em que o amor chega para o corredor, a mulher sente a presença de algo que ainda não sabe o que é. O corredor, então, muda seu trajeto e passa a circular pelos locais nos quais essa mulher está: sua casa (onde mora seu avô – um ex-boxeador que passa o resto da vida cuidando do seu amado que ficara doente) e a discoteca na qual trabalha. As histórias desses quatro personagens vão se ligar num entrelaçamento de passado e presente, mostrando que embora o amor às vezes se perca no tempo, e o tempo se deixe conduzir pelo amor, o importante é saber desfrutar o sentimento pelo tempo que for possível.
Luciano Salles é realmente um quadrinista singular. Com L'Amour: 12 oz ele afirma que está disposto a seguir contando histórias originais, e mostra um amadurecimento em relação ao seu trabalho anterior, O quarto vivente. Aqui, ele criou uma anti-trama redondinha, com um cuidado todo especial ao construir as narrativas no vai-e-vem do tempo, tanto em imagens quanto no texto, intrigando o leitor e convidando-o a reler o álbum para captar suas nuances.

L'Amour: 12 oz
se completa com as participações especiais de Gustavo Duarte, Rafael Albuquerque e Marcelo Braga, os quais assinaram as ilustrações que abrem os capítulos, e do colorista Marcelo Maiolo.

Destaque também para o pósfácio de Paulo Ramos, que entrou na brincadeira do Luciano e “embaralhou” seu texto no tempo e no espaço.

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